Com a guerra na Ucrânia, o maior conflito na Europa desde 1945, o mundo regressou a um patamar de tensões de elevado risco. É neste contexto desafiante, que o Canal HISTÓRIA estreia em exclusivo “A Guerra Mundial: 1914 – 1945”, uma série dramática original que explora os dois conflitos mundiais como um único: uma narrativa contínua de erros, ambição, revolução e coragem, para ver entre 6 e 27 de março, às 22h15.
“Guerra Mundial: 1914 – 1945” permite compreender os episódios históricos mais violentos e significativos da era moderna ao longo de oito episódios, exibidos todas as segundas-feiras de março em sessão dupla, às 22h15 e 23h05.
Analisando as causas e efeitos destes conflitos por novos ângulos e tirando partido da retrospetiva para reconstituir a forma como o mundo se manteve em guerra durante grande parte do século XX, o espectador é convidado a reflectir sobre as consequências profundas que se verificaram no mundo.
No primeiro episódio, exibido dia 6 de março, às 22h15, “O Inverno do Mundo (1914)”, o Canal HISTÓRIA recorda como um assassinato em Sarajevo e o fortalecimento de alianças na Europa, lançaram as bases para uma guerra que foi decidida por um pequeno punhado de homens.
No segundo episódio, exibido logo a seguir, às 23h05, “O Fim da Estrada (1914-18)”, é enquadrado o desencadear da I Guerra Mundial e como, numa tentativa de estabelecer a paz, legisladores e líderes criaram o cenário para a Segunda Grande Guerra.
SINOSPES EPISÓDICAS
Os impérios dos Hohenzollern, dos Habsburgos, dos Otomanos e dos Romanovs dominavam a Europa. Três deles tinham séculos; o dos Habsburgos, apenas 50 anos. Por isso, quando o nacionalismo eslavo começou a crescer, os Habsburgos empenharam-se em erradicá-lo. Tudo corre tremendamente mal quando, numa missão diplomática a Sarajevo, o arquiduque Francisco Fernando, da Casa de Habsburgo, foi assassinado pelo nacionalista eslavo Gavrilo Princip. Não bastava a morte de um nobre europeu para dar início a uma guerra mundial, mas a Europa fortalecia alianças e lançava as bases para o que aí vinha. A coligação entre a França e a Rússia, com o envolvimento britânico, ficaria conhecida como Tríplice Entente. O seu contraponto era a Tríplice Aliança, que unia a Alemanha à Áustria e à Itália. E embora o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Sir Edward Grey, tenha dito a Winston Churchill que fariam um ultimato à Alemanha para impedir a invasão da Bélgica, até ele reconhecia que a guerra era inevitável. E assim a Europa entrava em guerra, sendo o destino do mundo decidido por um pequeno punhado de homens.
Estala a I Guerra Mundial, que traz consigo a guerra de trincheiras, o gás tóxico, artilharia de fogo rápido, metralhadoras, blindados e aviões. Se os soldados tinham de suportar os combates e condições extremas, os civis lidavam com escassez de alimentos e bombardeamentos às suas vilas e cidades. Da Batalha de Verdun à do Somme, perderam-se homens de ambas as partes, e os impérios que de início dominavam começaram a falhar, com a Alemanha e a Inglaterra a reivindicar a superioridade das respetivas alianças. Surge a insídia da limpeza étnica, com o Genocídio Arménio, sob a observação atenta de um jovem Adolfo Hitler. A Rússia adere à revolução, com a queda dos Romanovs e de outros impérios, ao aproximar-se o amargo fim do conflito mundial. Ao vencedor os despojos, pelo que o Tratado de Versalhes serviu para beneficiar a Tríplice Entente com enormes compensações exigidas à Alemanha. Assim, numa tentativa de estabelecer a paz, legisladores e líderes criavam o cenário para a II Guerra Mundial.
Depois de Versalhes, os ‘14 Pontos’ do presidente dos EUA Woodrow Wilson dão lugar à fundação da Liga das Nações… sem o país do seu criador como membro. O Império Habsburgo divide-se em vários países com governos próprios e compensações impostas à entrada. O Japão abandona o Tratado de Versalhes com um amargo de boca, quando vê rejeitada a sua cláusula de igualdade racial, e a Itália faz o mesmo, descontente com o resultado. Políticos e líderes militares insatisfeitos observam, e as sementes da II Guerra Mundial são plantadas muitos anos antes. À boleia da revolução, Estaline surge como líder dos Bolcheviques, e, em Munique, o Partido dos Trabalhadores Alemães assume uma nova designação: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, ou ‘Partido Nazi’, como ficaria conhecido. A sua atração principal é um tal de Adolfo Hitler.
A Era do Jazz fora de hedonismo para alguns; para outros, um mero à parte, pois a guerra continuava, na sua mente e no seu coração. A Depressão controlava o mundo e, embora a maior parte dos países passasse dificuldades, outros aproveitavam para continuar a disputar territórios. O Incidente de Mukden viu o Japão invadir a China e ocupar a Manchúria, e muitos historiadores consideram-no o verdadeiro início da II Guerra Mundial. Mas teria a I terminado? Na Alemanha, um ambicioso Hitler busca a Chancelaria e começa a definir o rumo da História. Na Alemanha e na Rússia, já se queimavam livros. Estaline começava a deixar o seu legado, com o ‘Holodomor’, na Ucrânia, e inúmeros outros atos de morte e destruição. Enquanto o presidente americano Franklin Delano Roosevelt tentava reerguer o país da Depressão, o mundo estava à beira de mais uma guerra mundial.
A invasão de Hitler à Renânia foi um risco com bons dividendos, sem que ninguém controlasse o seu avanço para ocidente. Em Espanha, tinha início a Guerra Civil, alimentada pela Alemanha, pela Itália e pela Rússia. No seu âmago, uma batalha ideológica: Fascismo vs. Comunismo, espelhando a guerra entre o Nazismo alemão e o Comunismo russo. Tal como no caso da Renânia, os Britânicos nada fizeram, com as fações europeias a formar-se e a realinhar-se. A 7 de julho de 1937, dá-se um tiroteio na Ponte de Marco Polo, perto de Pequim. Tratou-se de um teatro para o Japão justificar a invasão à China em grande escala. Enquanto Chamberlain promovia a ‘conciliação’ com Hitler, este usava o Pangermanismo como justificação para invadir a Checoslováquia e, posteriormente, a Áustria. Quando os líderes europeus se reuniam numa tentativa artificial de manter a ‘paz’, para muitos, a ‘Kristallnacht’ assinalava os muitos horrores que aí vinham.
As alianças eram cruciais. Após uma desconsideração em Munique, os Soviéticos estabelecem um conveniente pacto com os Alemães, numa altura em que o mundo se precipita para novo conflito mundial. Com a invasão da Polónia, desaparecia a farsa da paz, e França e Grã-Bretanha declaravam guerra à Alemanha. Com perdas iniciais nas Ardenas e em Dunquerque, a Itália junta-se ao Eixo e declara guerra ao inimigo, pensando que não durasse muito – e assim parecia. Com a queda de França em 1940, a vitória do Eixo afigurava-se inevitável. Mas Churchill previu tudo… ‘A Batalha de França está perdida,’ disse. ‘Presumo que se lhe siga a Batalha de Inglaterra.’ E assim, a guerra elevou-se aos céus, opondo RAF e Luftwaffe. Com batalhas intercalares na Arménia e na Grécia, a guerra de Hitler a leste foi sendo adiada. Porém, quando se desenrolou, foi épica – a Operação Barbarossa. Seria uma guerra aniquiladora, mas o Exército alemão não se apresentara perante os Soviéticos com o seu aparente número infinito de homens, e Estaline tencionava combater até ao último soldado. Contudo, num país com a vastidão da URSS, a sede de vitória precisava de um grão de realidade…
Com os Alemães presos no gélido inverno soviético, o desfecho da Operação Barbarossa não foi o esperado. Estaline ouvia os seus generais, que apostavam na bravura dos seus homens; mesmo já no chão, não se rendiam. Hitler, enquanto erradicava sistematicamente judeus europeus em campos de concentração por todo o leste, teve de lidar com o resgate dos seus aliados italianos no Norte de África. Embora Rommel tivesse feito os possíveis para controlar a situação, a vitória acabaria por pertencer aos Aliados. Com o mundo distraído, o Japão atacou Pearl Harbor e o Sudeste Asiático. Numa guerra relâmpago nos céus e em terra, o Império nipónico alargou-se de forma exponencial, em busca de território e recursos, e na tentativa de criar uma ‘Ásia para Asiáticos’. Porém, o impacto da aparatosa entrada do Japão na II Guerra Mundial foi obrigar os isolacionistas americanos a aderirem à guerra a sério. Embora o programa ‘Lend-Lease’ aprovisionasse os Aliados com munições e recursos, a entrada dos Americanos no conflito foi um ponto de viragem no rumo da guerra.
A guerra na Europa aproximava-se de um amargo fim, com as tropas soviéticas e americanas a cercar o Exército alemão em retirada, mas já sem Hitler vivo para assistir à rendição do seu país e ideais. O Pangermanismo e o seu desejo de ‘Lebensraum’ custara caro à Alemanha, e o seu legado genocida ficaria para a História. No Pacífico, a vaga americana de homens e equipamento continuava, mas os Japoneses não se rendiam; só as devastadoras bombas nucleares de Hiroxima e Nagasaki os obrigariam a fazê-lo. No fim da guerra, tivemos o mesmo redesenhar de fronteiras, e o mesmo realinhar de países, raças e culturas dos anos que se seguiram à I Guerra Mundial. Se o período de 1914-45 foi um conflito alargado, como poderia o seu rescaldo criar uma paz duradoura?